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How to avoid conflicts with communication?

       Uma vez que tudo na vida é comunicação, saber se comunicar é essencial. Quando realizada da maneira correta, a comunicação só traz benefícios para nossa vida. Acontece que boa parte dos conflitos presentes em nossas relações surgem devido a forma que expomos nossas ideias, mais do que pela divergência de opiniões, por incrível que pareça. Dessa forma, assumir uma comunicação mais assertiva, compassiva e empática pode ser o segredo para melhorar a convivência com os outros.

       Devido à essa percepção, o psicólogo Marshall Rosenberg desenvolveu, na década de 1960, o conceito de Comunicação Não-Violenta (CNV). O nome faz uso de uma definição de Gandhi, se referindo a uma condição compassiva natural que aparece quando a violência é afastada do coração. Marshall também fundou uma organização sobre o tema, o The Center for Nonviolent Communication, além de disseminar o conceito em cerca de 60 países, sendo o autor de vários livros a respeito. O mais conhecido, inclusive muito indicado para quem quer aprender a como trabalhar os conflitos interpessoais de maneira mais saudável e compassiva, é o "Comunicação Não Violenta: Técnicas para aprimorar relacionamentos pessoais e profissionais".

       A CNV consiste em uma abordagem de comunicação que compreende as habilidades de falar e ouvir e que leva os indivíduos a se entregarem de coração, estimulando a compaixão e a empatia (por isso também pode ser chamada de Comunicação Empática). Ela, nas palavras do psicólogo, “começa por assumir que somos todos compassivos por natureza e que estratégias violentas – seja verbais ou físicas – são aprendidas, ensinadas e apoiadas pela cultura dominante”. Ou seja, em um ambiente que estimule a competitividade, a dominação e a agressividade, tendemos a nos comportar violentamente. Ao contrário, tendemos a agir com generosidade em ambientes acolhedores e cooperativos.

         Você já presenciou discussões que mais pareciam um campo de batalha com os argumentos e contra-argumentos indo de um lado para outro? Acredito que sim. O resultado dessa conversa são duas pessoas exaustas e insatisfeitas. O ponto positivo é que é possível mudar essa realidade com alterações simples na nossa postura e na nossa ação de resposta ao outro, incluindo mais compaixão e empatia.

     Podendo ser usada tanto para resolver como para evitar conflitos, a CNV consiste basicamente em criar um estado de consciência no qual desenvolvemos nossa empatia. Dessa forma, nos comunicamos de forma mais saudável e menos reativa. Isso mostra que, para aplicar esse modelo, é necessário que apenas uma das pessoas comece se posicionando com empatia e compaixão, pois dessa forma, automaticamente, você "desarma" a agressividade, o cinismo e a indiferença do outro, promovendo alterações no seu comportamento.

        Vale lembrar que CNV não é sinônimo de passividade, mas de assertividade. Trata-se de uma comunicação mais eficaz do que a acusatória, que devolve ao outro todo o nosso ressentimento, e também do que aquela que se cala passivamente, que nos sufoca nos nossos próprios rancores. Ao explicarmos o que sentimos, damos a possibilidade do outro rever suas atitudes para não nos magoar, além de dar oportunidade para que ele fale sobre as emoções que o levaram a praticar certas condutas.

     A CNV funciona porque em todos os nossos meios de nos comunicar expressamos sentimentos e comportamentos que apontam nossas necessidades. Como cada pessoa é única, vários comportamentos diferentes podem ser manifestados para uma mesma necessidade e, como geralmente não discute-se a motivação por trás daquele sentimento, perde-se tempo na conversa tentando resolver o comportamento. Por outro lado, as necessidades são comuns a todos os seres humanos, mesmo que em menor ou maior grau, e, dessa forma, podem gerar conexão entre as pessoas quando compartilhadas.

“Por trás de todo comportamento existe uma necessidade.” – Marshall Rosenberg

     Rosenberg aponta que existem algumas maneiras de se comunicar que fazem com que as pessoas apresentem comportamentos violentos, o que definiu como “comunicação alienante da vida”. Algumas demonstrações disso são julgamentos moralizantes (que trazem sentimentos como culpa, depreciação, rotulação e crítica), comparações, negação de responsabilidade e transformação de desejos em exigências. Ao evitar isso, a CNV pode estabelecer relações mais profundas, afetivas e eficazes. Percebe-se que a empatia foi recebida quando há um alívio de tensão ou quando o fluxo de palavras acaba. Para isso, é preciso se fazer presente e escutar atentamente.

      Assim, em vez de julgarmos os motivos de uma pessoa tomar determinada atitude ou falar certa coisa, podemos tentar identificar e suprir as necessidades dela que não estão sendo atendidas. Assim como podemos reconhecer e expressar nossas próprias necessidades a serem supridas. Essa simples ação permite encontrar a origem do conflito e, inconscientemente, promove um debate mais saudável, sem ataques, julgamentos e rotulações, que são barreiras para a conexão.

      Como aplicar, de fato, a CNV em nossas vidas? Não existe um manual de regras rígido para adotá-la, mas há sim algumas ações e técnicas que facilitam o processo de tomada de consciência interna e externa fundamental para começar a resolução de conflitos. Com eles, mostramos para o outro a nossa humanidade e as consequências de suas ações, possibilitando uma aproximação. A sequência de passos recomendada consiste em:

  • Observação - compreende a identificação de ações e de falas que estão nos incomodando ou gerando o conflito. Aqui é importante separar os fatos das nossas próprias interpretações dos motivos por trás, ou seja, sem fazer juízo de valor.

    • Por exemplo: se a pessoa não te cumprimentou, não pense em possíveis justificativas, apenas perceba a situação concreta.

  • Sentimento - em seguida percebemos o que essas atitudes causam em nós, quais sentimentos nos provoca. É essencial usar palavras que expressem sentimentos de fato, não acontecimentos.

    • Por exemplo: se está sendo ignorado, saiba como se sente com relação ao fato. Se sente triste? Desamparado? Solitário?

  • Necessidades - a partir dos sentimentos é preciso buscar a causa dele, qual a necessidade não está sendo atendida que o gerou. Na hora de expressá-las, se responsabilize pelas suas necessidades, sem culpar o outro.

    • Por exemplo: em vez de falar "estou irritado porque vocês não param de gritar", diga "estou irritado porque não estou conseguindo me concentrar".

  • Pedido - por último, após as 3 primeiras etapas internas, chega o momento de nos expressar para o outro. Este pedido deve ser feito com a maior clareza e especificidade possível, deixando explícitas nossas observações das ações do outro, nossos sentimentos em relação a elas e nossas necessidades que não estão sendo atendidas dessa maneira.

    • Por exemplo: Eu fiquei triste por não receber notícias suas ontem, já que tínhamos combinado um encontro e eu estava me preparando para ele. Responsabilidade é algo importante para um bom relacionamento e gostaria de conversar sobre os acordos que vão nos ajudar a conviver melhor com os nossos compromissos e com os imprevistos da vida.

       O especialista recomenda usar uma linguagem positiva, em forma de afirmação, para fazer o pedido. Evite frases abstratas, vagas ou ambíguas. Exemplo: Joana, quando você grita comigo no ambiente de trabalho (observação), eu me sinto diminuído e irritado (sentimento) porque preciso sentir que sou respeitado e que meus colegas querem me ajudar a me desenvolver (necessidades). Você poderia me chamar para conversar em particular quando se sentir irritada comigo? (pedido).

      A maior dificuldade encontrada nesses passos é não saber o que realmente queremos, no entanto, não é justo esperar dos outros que eles adivinhem o que precisamos. Logo, esse é um desafio que deve ser enfrentado e resolvido com autoconhecimento. Além disso, existe a possibilidade e o medo de recebermos um "não" em relação ao nosso pedido, portanto a CNV é um convite para termos conversas mais corajosas, uma vez que, para que um vínculo de confiança se estabeleça, é necessária a coragem de ser vulnerável.

       Quando conseguimos expressar os quatros aspectos muito claramente e o outro também está disposto a expressar seu lado da mesma forma é criada uma ligação genuína entre as pessoas e basta descobrir como podemos ajudar o outro a receber o que precisa. Com a comunicação fluindo dessa forma, a compaixão se manifesta de forma natural. Usar o principio da comunicação não violenta por vezes não é uma tarefa fácil, depende de vontade, de disposição e de um desejo de melhorar a si mesmo e as relações que desenvolvemos em nossa vida diariamente. É um exercício, um aprendizado consigo mesmo e com os outros. Dessa forma, algumas dicas podem ser aplicadas para facilitar esse processo, como:

  • Pensar antes de falar: parte da tomada de consciência é saber se controlar antes de reagir de forma automática. Com a prática regular, se torna um hábito e fica mais fácil.

  • Avaliar situações passadas: pense em como você já reagiu de acordo com ações dos outros e como podia ter respondido diferente. Isso significa criar repertório para você usar em situações futuras parecidas.

  • Eliminar julgamentos e classificações: é importante exercitar a capacidade de se expressar sem rótulos e ponderações de valor. Quando isso não ocorre, a conversa vira um debate onde ambas as partes buscam provar seu ponto de vista e o vencer.

  • Focar na comunicação honesta e transparente: a CNV promove um convite a coragem uma vez que demanda vulnerabilidade de se expor ao outro, apresentar suas necessidades particulares.

  • Adotar a escuta ativa: é necessário estar presente o suficiente para se conectar com a empatia. Quando na posição de ouvinte, evite os impulsos de: distrair, competir pelo sofrimento, educar, consolar, contar história, ser solidário ou encerrar o assunto.

  • Autoconhecimento: para praticar a CNV é preciso saber a diferença entre o que se sente e o que se pensa ou interpreta. É essencial uma análise pessoal clara e honesta para expressar suas verdadeiras necessidades e seus sentimentos.

 

     As soft skills estão muito relacionadas umas com as outras e o autoconhecimento se mostra como a base para a maioria delas. Na CNV, por exemplo, além deste, é necessário também possuir inteligência emocional, empatia e a própria comunicação. Você já conhecia a comunicação não violenta? Já a inclui na sua vida? Ou pretende fazê-lo agora? Quais benefícios você pode aproveitar com isso?

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